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Chamusca no centro do debate sobre economia circular

 

CCDR Lisboa e Vale do Tejo escolhe concelho da Chamusca para debater a economia circular, um pilar do desenvolvimento da região, e coloca em destaque a centralidade do Eco Parque do Relvão como plataforma de simbioses industriais e de criação de comunidades de energia  

A CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, em parceria com o Município da Chamusca, promoveu um seminário sobre “Economia Circular para a Região de Lisboa e Vale do Tejo”, no passado dia 29 de outubro, nas instalações do antigo Centro Regional de Artesanato.  

Na abertura do seminário, o Presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Paulo Queimado, salientou a importância deste tema para a estratégia de desenvolvimento do concelho e agradeceu a escolha do concelho como ponto de partida para o debate sobre este tema, que está a ser dinamizado pela CCDR na região de Lisboa e Vale do Tejo. Paulo Queimado disse ainda que o Eco Parque do Relvão está a dar um contributo para a criação de uma grande comunidade energética regional e que o grande cluster da indústria ambiental aqui instalado dispõe de ferramentas e conhecimento para apoiar o desenvolvimento da grande região de Lisboa e Vale do Tejo.  

“O Município da Chamusca tem um projeto de desenvolvimento económico que dá grande ênfase à economia circular. No próximo mês de dezembro vai acontecer a reinauguração do Centro de Empresas com valências de apoio ao empreendedor, à investigação e ao desenvolvimento de novos produtos, muito voltados para as questões ambientais", frisou o Presidente da Câmara Municipal da Chamusca.  

O Presidente da CCDR-LVT, João Teixeira, frisou a ideia de que o Eco Parque do Relvão pode beneficiar com a afirmação de Lisboa como grande plataforma atlântica e que a Economia Circular é um tema prioritário transversal a vários pilares prioritários da região. Por isso também a escolha da Chamusca para dar início ao grande debate em torno desta temática que envolve tópicos mais específicos como reciclagem e reutilização, resíduos, mercados locais e reusos, novos materiais e design de produto, recursos locais e transformados, ciclos e produção industrial, energia, transportes e logística.   

O Presidente da CDDR informou ainda que, em breve, o organismo que representa vai publicar quatro estudos sobre a Economia Circular e as suas aplicações, com indicação de práticas para as autarquias. Estes estudos abrangem, por exemplo, a questão da economia circular em setores como o vitivinícola e o da construção civil (ciclo dos materiais e possibilidade de reutilização dos edifícios para novos usos, prevendo essa possibilidade logo na construção). Segundo João Teixeira, a temática da Economia Circular é um dos pilares da Estratégia de Desenvolvimento 2030 da RLVT.  

Eco Parque na linha da frente da valorização de resíduos   

Um dos oradores convidados, o Presidente do Agrocluster, Carlos Lopes de Sousa, deixou a informação de que a região num raio de 150 km em torno de Santarém gera mais de 250 mil toneladas de resíduos agroindustriais e que o Eco Parque poderia dar uma resposta ao tratamento destes resíduos, enfrentando a resolução do problema de uma forma centralizada e com escala, associando a isso a integração de vários resíduos com o objetivo de produção de energia. O empresário defende a criação de uma instalação-piloto no Eco Parque, que possa servir para validar esta possibilidade e que consiga trabalhar numa pequena escala para testar a capacidade. Por outro lado, sublinhou a importância de fazer uma melhor gestão dos agroquímicos e dos resíduos associados à atividade agrícola, assim como defendeu o regresso a antigos processos de conservação (cura, fermentação) dos alimentos, como forma de reduzir a produção de resíduos. Está também em cima da mesa a possibilidade de criação de novos produtos com base em produtos agrícolas degradados, algo que já está a ser feito por algumas agroindústrias da região. Os resíduos orgânicos e inorgânicos, que sejam devidamente tratados, podem também ser reutilizados como corretivos para terrenos menos produtivos. Outra possibilidade em aberto é que as ETARS domésticas e industriais possam avançar para o reforço do tratamento terciário e que a água resultante do processo de tratamento possa ser usada em regas de jardins, lavagens de rua e para a agricultura.  

Neste seminário falou-se ainda da aposta da CCDR no projeto Liswater, que envolve o Instituto Superior Técnico, e que pretende atrair para Portugal os quadros de topo de grandes empresas da área ambiental para aqui fazerem formações avançadas sobre gestão de águas, saneamento e resíduos sólidos. No topo das prioridades da CCDR está também o Projeto Tejo, que prevê o aproveitamento hidráulico do rio Tejo e que a CCDR quer agarrar porque, segundo o presidente João Teixeira, "se não houver entidades que o coloquem no mapa, o projeto vai deslizando e atrasa-se como hoje se diz do Alqueva".  

Abordou-se também a importância de desenvolver as simbioses industriais, como forma de aproximar os vários setores da atividade económica e de reinventar o ciclo produtivo. Nem sempre são necessárias grandes alterações, há soluções simples que surgem da interação entre os agentes do mesmo território ou do mesmo setor.