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Ascensão é na Chamusca!

 

 Uma tradição bem viva na Vila da Chamusca...

De tradição inicialmente religiosa, hoje é o ponto alto das festividades na Vila da Chamusca, atraindo milhares de visitantes de toda a região. "Da Páscoa à Ascensão, quarenta dias vão"... é a nossa Festa maior, a meio da Primavera, com a Natureza Madura, os dias cheios de sol e uma imensa alegria que emana da terra e dos homens.

 
Festa profundamente rural, ligada ao aloirar das searas e à multiplicação das flores, que anunciam pão e vida, simbolizadas no raminho da espiga, a Ascensão é também a comemoração da subida de Cristo ao Céu, fechando um ciclo de quarenta dias que se abriu pela Páscoa. Céu e Terra, Fé e Festa, tudo aqui se conjuga, numa semana de Maio, em que o Concelho se olha e se mostra, assumindo a sua alma agrária e o seu jeito de viver, neste imenso espaço que tem, de campina e de charneca, entre o Tejo e o Alentejo.
 
Sempre a Ascensão foi uma festa nestas terras onde estamos, mesmo não sendo feriado, como agora é, nem havendo, nem se sonhando, com formas organizadas de pôr a Festa de pé. Sempre o povo soube guardar a Quinta-Feira de Espiga, dia sagrado da terra, em que largava a enxada e ia por esses campos, folgando e colhendo espigas, malmequeres, papoilas, esgalhos de cepa, raminhos de oliveira, pés de alecrim e de rosmaninho florido para compor o raminho que levava para casa, lá ficando o ano inteiro, pendurado na parede, bendita a terra que é farta, louvado seja o Senhor.
 
Esta é a essência da Festa, um hino à força e à generosidade da Natureza de que depende a nossa vida. Festa da terra e do gado, toda a gente sai à rua, Quinta-Feira de Ascensão, para ver a entrada de toiros pelas ruas da Chamusca, o campo invadindo a vila, uma emoção incontida, uns instantes que valem toda uma manhã de espera, os olhos cheios de cor, uma sensação que não se explica, para o ano cá estaremos outra vez. E à tarde a Corrida da Ascensão, não há praça como a nossa, aqui a Festa é diferente, nesta arena se revê o nosso jeito toureiro, o lado da nossa alma forjado nas tralhoadas, gerações e gerações, a paciência dos homens, a força bruta dos toiros, uma relação de séculos que temos uns com os outros.
 
Enche-se a vila de gente que aqui vem para ver a Festa, assistir aos espectáculos, apreciar o artesanato e o dinamismo de inúmeras actividades, provar da nossa gastronomia, deliciar-se com os petiscos das tasquinhas, reencontrar os amigos, beber um copo com eles. Todo o concelho aqui está, ao alcance do nosso olhar, uma freguesia por dia a mostrar os seus valores, e há um mar de gente jovem, que desagua a meio da Festa, um Dia da Juventude com muita cor e alegria, é nela que a gente vê o futuro que vai ter, a festa da vida que irá para além de nós...
 
 
 

ENTRADA DE TOIROS EM 5ª FEIRA DE ASCENSÃO

A entrada de toiros consiste na condução, por campinos e cavaleiros, de uma manada de toiros bravos e cabrestos, desde o campo até à praça de toiros.

Mas, na 5.ª feira de Ascensão na Chamusca é muito mais que esta simples descrição.

 A entrada de toiros é a Rua Direita de S. Pedro, desde o Areal a Paio de Pele, ladeada por uma multidão de gente da terra, de forasteiros e aficionados, são as janelas engalanadas com mantas ribatejanas, são os ramos de espiga com as papoilas que emprestam a cor aos coletes dos campinos, são as árvores enfeitadas de gente que procura o melhor sítio para poder viver este instante, são as manhãs quentes de maio que fazem o reencontro de amizades, são a emoção e o encanto.

Estalam os foguetes, o som que anuncia o momento exato que dura poucos minutos, vê-se em segundos e permanece na memória a vida inteira.

É por tudo isto que a saudosa poetisa chamusquense Maria Manuel Cid escreveu:

 

 

 

(…)

 

E nesse dia do ano

 

Batia com desatino

 

Em cada Ribatejano

 

Um coração de campino.

 

In. Pergunta o Povo ao Passado

 
 
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