Presidente da Câmara Municipal da Chamusca presta discurso de homenagem em cerimónia de inauguração de Padrão de Combatentes na freguesia da Carregueira

No passado dia 27 de fevereiro o Secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello, deslocou-se à freguesia de Carregueira a convite do Presidente da Junta de Freguesia para inaugurar o Padrão aos Combatentes.

A cerimónia teve início com a apresentação da força pelo seu comandante 1.º Sargento Fábio Gamboa, seguiu-se o descerramento da placa inaugurativa pelo Secretário de Estado da Defesa Nacional, Presidente da Junta e de Freguesia e Presidente da Liga dos combatentes.

A Bênção do Padrão foi realizada pelo Senhor Capelão do Regimento de Engenharia 1, Reverendo Padre José Costa ao que se seguiram as intervenções do Presidente da Junta de freguesia, Joel Nunes Marques, do Sargento-Chefe Carlos Pombo; Presidente do Núcleo de Santarém da Liga dos Combatentes, do Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues; Presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, de Paulo Queimado, Presidente da Câmara Municipal da Chamusca e de Marcos Perestrello; Secretário de Estado da Defesa Nacional.

Foi realizada a homenagem militar e deposição de flores e um minuto de silêncio em honra dos que ergueram a bandeira da pátria, a cerimónia oficial encerrou após uma prece do capelão José Costa.

Discurso do Sr. Presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Paulo Queimado, Dr.

“Exmo. Sr. Presidente da Junta de Freguesia

Exmo. Sr. Secretario de Estado da Defesa Nacional 

Exmos. Srs. Autarcas

Exmos, Sr. Presidente da Liga dos Combatentes 

Digníssimos representantes das forças militares, organizações civis e religiosas

Caríssimos combatentes e familiares

Minhas senhoras e meus senhores

Permitam-me V. Exas. que as primeiras palavras sejam dirigidas ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Carregueira, Joel Marques, honorífico anfitrião que, para além de ter sido sensível aos argumentos dos combatentes da freguesia e da Liga dos Combatentes, envidou todos os esforços para estarmos hoje a evocar e a homenagear todos aqueles que deram tudo de si em nome do país e da pátria.

Na pessoa do Sr. Secretario de Estado da Defesa Nacional, Dr. Marcos Perestrello, cumprimentar todos os militares presentes, nomeadamente os senhores comandantes da Brigada Mecanizada e da Brigada de Reação Rápida e os senhores presidentes da Liga dos Combatentes e do núcleo de Santarém da Liga dos Combatentes.

Cumprimentar todos os Combatentes que, durante uma parte importante da sua juventude, foram alistados para combater em condições tão fortemente adversas, assim como todos os familiares e amigos presentes nesta cerimónia.

A Carregueira passa a ter, a partir de hoje, um monumento ao Combatente digno para lembrar os filhos desta terra que foram à guerra por imposição do Governo de então.

Partiram para uma guerra que não queriam e foram profundamente penalizados nos seus sonhos e projetos familiares, profissionais e pessoais, ficando marcados para toda a vida pelos momentos vividos.

Desde o século XII que podemos questionar quais as guerras que se justificaram e quais as que podiam ter sido evitadas, e na história recente, nomeadamente no Ultramar, período histórico também para a nossa comunidade, houve a necessidade e a obrigação de manter a unidade territorial do País. 

A guerra travada em África entre 1961 e 1974 foi sustentada pelo princípio político de defesa daquilo que a governação considerou território Nacional, baseado no conceito de Nação pluricontinental e multirracial. 

O governo de então com Oliveira Salazar e Marcelo Caetano, sempre foi insensível às vozes de reprovação que vinham dos 4 cantos do mundo, pelo facto de Portugal não reconhecer os princípios inalienáveis, consagrados no direito internacional, da autodeterminação e da independência das colónias ultramarinas.

Pais, mães, esposas e filhos viram partir para a guerra os seus entes queridos na flor da idade. Deles ficaram sonhos e projetos adiados à espera de melhor oportunidade, à espera do dia do regresso a casa, com base nos sonhos e esperanças criadas com o 25 de Abril que pelos mais diversos motivos não se puderam concretizar para os jovens combatentes carregueirenses. 

Não lembrar e homenagear o sacrifício que os Combatentes da Carregueira e do concelho da Chamusca fizeram, seria uma ofensa e uma intolerável amargura para quem deu o melhor de si mesmo e, alguns, o bem mais precioso que tinham - a sua própria vida. 

Queremos, por isso, respeitar e homenagear a memória daqueles que, em nome da identidade nacional e ao serviço de Portugal, passaram momentos que dificilmente esquecerão e dos que deram à Pátria o seu sangue generoso. 

Para todos os combatentes e sobretudo em memória dos que já partiram, todos sem exceção serão para sempre imortalizados pelos símbolos que estão inscritos neste memorial em sua honra.

Serão recordados com saudade e reconhecimento pelo serviço prestado à pátria e ao país, porque um povo sem memória é um povo sem história, e um povo sem história é um povo sem futuro.”